Comunicação e ciência: alunos de jornalismo discutem essa parceria com Luiza Caires

Lívia Carvalho
3 min readFeb 1, 2021

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Luiza Caires | Foto: Twitter/ @luizacaires3

A professora e jornalista na área científica Luiza Caires participou de uma entrevista coletiva feita por alunos de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Após aceitar o convite enviado por e-mail pelos estudantes, no dia 14 de setembro de 2020 Luiza se disponibilizou a dar explicações sobre sua trajetória e o trabalho como editora de Ciências no Jornal da USP.

Às 20h50, horário marcado para o encontro, cerca de quarenta alunos já estavam conectados à professora por via de uma reunião virtual, que acontece semanalmente no curso devido à pandemia da Covid-19. A sessão de perguntas iniciou após sinalização do professor Celso Unzelte, que coordenou a interação perante a ordem em que os futuros jornalistas levantavam suas “mãozinhas virtuais”.

Dos assuntos abordados, a divulgação científica, que une a comunicação à ciência, foi a mais questionada. Extremamente curiosos, os estudantes realizaram uma sequência de indagações: “Qual a importância do jornalismo e a ciência?” ; “Acha que o jornalismo científico tem pouco espaço?” ; “Você acredita que o jornalismo científico é elitista?”. Em seguida, a convidada expôs seu ponto de vista sem hesitar.

Fazendo menção ao guia didático que desenvolveu junto a Aline Naoe, “De Cientista para Jornalista — noções de comunicação com a mídia”, Luiza afirma a importância de unir comunicação a ciência e confirma que ainda há elitização da pauta científica no jornalismo atual. “Quem tenta democratizar um pouco é a TV, com uma linguagem unificada sem aprofundamento. Até mesmo na internet… há várias maneiras para democratizar, mas devemos corrigir a base. É bem difícil levar a informação científica para uma pessoa que teve pouca formação na área… a gente tenta simplificar um pouco, mas sempre tem um limite”, explica.

Relacionando a declaração da convidada com a ação dos jovens, a aluna Isabella Fonte questionou o interesse da juventude em conteúdos de divulgação científica, abrindo um leque de abordagens para a professora. “Eu acho que melhorou, apesar de ser ainda baixo, a gente cresceu bastanteprincipalmente porque estamos trabalhando para colocar esses assuntos na ‘roda’ e mostrar para as pessoas que eles existem.”

Classificados como “fora da bolha”, Luiza nomeia os grupos que aparecem por vez ou outra em suas redes sociais para tirar dúvidas sobre os conteúdos da sua área. “São pessoas que a gente percebe pelo tipo de pergunta que não consomem esse tipo de informação com frequência. Eu até fico feliz quando isso acontece porque é esse tipo de público que a gente quer engajar mais”, afirma.

Como defensora do ensino científico nas escolas, Luiza enfatizou a importância de praticar o olhar crítico dos alunos desde o ensino fundamental. “As gerações futuras vão colher os frutos dos que se interessam por ciência agora. Eu acredito que na formação escolar o conteúdo ainda é dado pelo âmbito enciclopédico. O ensino básico tem que incentivar o exercício da postura cética, de crítica dos alunos.”

A autora do guia que auxilia jornalistas a trabalharem com a pauta científica ressaltou ainda a questão da acessibilidade ao conteúdo, levando em consideração a condição social, nível educacional e faixa etária.

A cada assunto abordado, reflexões impulsionaram uma reverberante interação entre os participantes até o horário limite. De pautas educacionais, sociais até políticas, através de diferentes ângulos, os alunos puderam compreender a dimensão da pauta científica em nosso cotidiano, sendo não somente de interesse dos cientistas, mas de qualquer classe, faixa etária e profissão.

Anestesiados com o a riqueza de informações disponibilizadas, o tempo passou despercebido. Faltando apenas 10 minutos para o fim da reunião que durou 1h40, o professor responsável pelo exercício agradecia feliz a participação da jornalista, que replicava com satisfação a gratidão por ter sido convidada para o trabalho.

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